Breve Historial


A Filarmónica 1º de Janeiro de Carragosela foi fundada em 01 de Janeiro de 1872 e ao longo dos seus 139 anos de existência tem vindo a desenvolver uma intensa actividade cultural, tendo passado por esta escola de música rapazes e raparigas de várias gerações quer da freguesia de Carragozela, quer de localidades vizinhas.



A organização da Filarmónica 1º de Janeiro foi bastante difícil, tendo sido seu primeiro regente o carragoselense António Rodrigues Mendes Prata que aprendeu música no Casal de Travancinha - Seia.

Efectivamente, antes da  formação da Banda de Carragozela, os nossos conterrâneos iam aprender música e participar nos ensaios no Casal de Travancinha, calcorreando a pé, após a jornada de trabalho, os cerca de 12 Kms de distância entre as duas localidades.

A história da Filarmónica 1º Janeiro teve períodos bastante difíceis pois as festividades em que participava eram poucas e os transportes não existiam, pelo que as festas que realizava se circunscreviam a um raio de 20 Kms, que eram feitos a pé, o que equivalia a um percurso de cerca de 40 Kms de ida e volta. Todavia a abnegação, boa vontade e gosto pela música dos executantes e regentes permitiram ultrapassar todas as dificuldades.

Importa salientar a regência, durante uma parte deste período, dum maestro carragoselense com verdadeiro génio de artista e que todo os povo recorda com saudade: Alberto Marques Balbino.

A Filarmónica 1º de Janeiro foi superando dificuldades dificuldade e sobreviveu, até à década de 60 do séc. XX, tendo por base as pequenas receitas provenientes das festividades em que participava e os donativos oferecidos pelo povo, que pouco tinha para dar, dado que a actividade económica principal da freguesia era a agricultura de subsistência.

Nos anos 60 do século passado, pese embora todo o amor e carinho do povo pela sua Banda, não foi possível evitar o seu desmembramento por falta de elementos dado a grande emigração dos naturais de Carragozela para o Brasil e para África (Angola, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Zaire, etc) em busca de melhores condições de vida.

Na década de 70, mais precisamente em 1974, foi possível efectuar a reorganização da Filarmónica 1º de Janeiro, para que deu contributo decisivo a iniciativa, vontade e querer do nosso conterrâneo António Pessoa Ferrão. A consolidação da Filarmónica foi também impulsionada pelo regresso maciço dos nossos conterrâneos que viviam em Angola e Moçambique, como consequência do processo de descolonização.

Na realidade o gosto pela música do povo de Carragozela, que sempre se manteve, levou a um enorme entusiamo na reorganização da sua Filarmónica, tendo sido recolhidos e reparados os instrumentos ainda existentes e adquiridos, embora com muito sacrifício, outros instrumentos musicais usados, tendo como suporte os donativos oferecidos pelo povo da freguesia.

A Fábrica da Igreja Paroquial colaborou também prontamente na iniciativa cedendo o Salão Paroquial para os ensaios da Filarmónica, os quais nesta fase eram muito participados pela população que a eles assistia muito entusiasmada e inúmeras vezes com lágrimas nos olhos.

A conjugação de vontades de diversas entidades, em que também se inclui a Junta de Freguesia, levou a que a Filarmónica 1º de Janeiro voltasse de novo à actividade tendo como regente, nesta fase, o maestro senense conhecido como "Tó Chiça", tendo sido inaugurado um novo fardamento em Dezembro de 1974.

O entusiasmo do povo pela sua Banda não parou e permitiu a aquisição de um terreno mesmo no centro da freguesia e a construção duma sede tendo por base as receitas das festividades, a generosidade do povo e o apoio de algumas entidades públicas e privadas.

Na sede da Filarmónica funciona actualmente um Bar, o Salão de Ensaios, a Escola de Música e o gabinete dos Orgãos Sociais.

Nos anos 90 do século passado começaram a surgir novas dificuldades de recrutamento de novos elementos para a Filarmónica dado o generalizado decréscimo populacional da freguesia e no concelho, pelo que houve necessidade de encontrar soluções inovadoras para esta situação. Nesse sentido, foi adoptada uma estratégica de lançamento de Escolas de Música da Banda de Carragozela em localidades vizinhas: Sameice, Lapa dos Dinheiros e Vila Verde, tendo como objectivo alargar o âmbito de recrutamento, estratégia que deu os seus resultados e permitiu assegurar a continuidade da Instituição.

Importa destacar também neste breve historial a entrega, dedicação e empenho do maestro nosso conterrâneo José Luís Ferrão Tavares, que assegurou a regência da Filarmónica e da Escola de Música durante 29 anos, de 1975 a Dezembro de 2004.

A Banda adquiriu entretanto uma carrinha que permite efecuar o transporte para os ensaios dos executantes provenientes de diversas localidades limítrofes.

A Filarmónica 1º de Janeiro tem ao longo dos anos, sobretudo no Verão, efectuado actuações em inúmeras festividades por todo o País, com especial incidência nos distritos da Guarda, Coimbra e Castelo Branco.

A Banda de Carragozela colabora também regularmente em eventos organizados pelo INATEL, com destaques para o Dia Mundial da Música, bem como em diversas iniciativas promovidas pela Câmara Municipal de Seia, de que se destacam a participação na Feira do Queijo e nas comemorações do dia da Cidade (03 de Junho).

A própria Filarmónica tem vindo a organizar com regularidade, diversos eventos ao longo do ano com especial destaque para os Concertos de Primavera e de Natal.

A actividade dos executantes da Filarmónica 1º de Janeiro, que continuam a ser maioritariamente da freguesia de Carragozela, mas a que se juntam em perfeita harmonia, executantes de outras localidades, é exercida a título gracioso, sendo a única possibilidade de sobrevivência da colectividade, dados os reduzidos os apoios de que beneficia.

A Filarmónica conta actualmente com cerca de 40 executantes, bem como a sua Escola de Música frequentada por cerca de 20 alunos, sendo dirigida pelo maestro Filipe André Reis Simões.

A importância da actividade desenvolvida pela Filarmónica 1º de Janeiro em prol do desenvolvimento da cultura, quer da freguesia de Carragozela, quer do Concelho de Seia e do País, foi devidamente reconhecida pela atribuição do Estatuto de Utilidade Pública à Colectividade , devidamente publicado em Diário da República.

Os laços que ligam o povo à sua Filarmónica, quer os residentes na freguesia, quer os residentes noutras paragens de Portugal ou no Estrangeiro, são de um enorme amor e carinho como é evidenciado pelo elevado número de associados da colectividade, cerca de 260, o que constitui garantia de continuidade e desenvolvimento da mais antiga e prestigiada Instituição da freguesia de Carragozela.